Por mais que Alanis tente, não consegue. A cada álbum, uma nova direcção não a consegue salvar da queda num precipício que não se adivinhava há 13 anos quando saiu «Jagged Little Pill».
A cultura pop é impiedosa na forma como constrói estrelas e as destrói no momento seguinte. Alanis Morissette pode não viver obcecada com o estrelato mas também não deve estar satisfeita com o que lhe sucedeu depois de «Jagged Little Pill», ou não tivesse tentado soluções variadas.
Desta vez, o compromisso é com o produtor Guy Sigsworth (Madonna e Bjork). A procura da precisão tecnológica perde-se na frustração de quem sente nostalgia pelo que já foi e não quer descolar de modelos instituídos. «Flavors of Entanglement» acaba por ser mais um fracasso num percurso demasiado irregular.
Apresentado como o primeiro álbum em quatro anos, volta a colocar-nos perante uma interrogação: terá sido «Jagged Little Pill» um acidente feliz? Embora Alanis procure recuperar alguma dessa energia, raramente consegue encontrar uma unidade tão evidente como aí.
Não era este o disco que Alanis precisava, o que aliás se pressentiu no Rock In Rio. Apesar da atitude mais feminina (descrita na imagem que trouxe para a Cidade do Rock), volta a não acertar naquilo que sempre defendeu: a música em favor de outros artifícios.
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